Fogueiras

Fogueira:

Local

Na maioria dos campings, existem lugares reservados para fazer fogo. Em outros locais se precisa pedir autorização do proprietário. Escolha um local bem aberto, longe das barracas, das árvores e das moitas. Lembre-se que é proibido fazer fogo na mata ou em florestas.
Atenção: jamais acenda fogo se há vento, ou se a vegetação está muito seca.

Prepare o local para a sua fogueira com cuidado. Limpe a área e remova as folhas, raminhos, gravetos, musgo e capim seco, a fim de não estabelecer um incêndio geral na floresta. Se o chão estiver seco, raspe tudo até chegar à terra pura. Se a fogueira tiver de ser acesa sobre terra molhada, arme-a sobre uma plataforma de toras ou de pedras chatas.

Como fazer a fogueira

Após escolher o local, isole-o e limpe-o, retirando as folhas, raminhos, gravetos, musgos e capim seco, para evitar que o fogo se propague sem que você possa controlá-lo. Se o solo estiver seco, raspe-o até chegar ao ponto de ali só ter mesmo terra; se estiver molhado, construa antes uma plataforma de pedras chatas.
Procure materiais de fácil inflamação, tais como gravetos finos e bem secos, casca de árvore seca, folhas de palmeira, musgo solto, capim seco, pequenas lascas de madeira seca, madeira podre. Reúna e disponha esse material de uma forma que permita a circulação de oxigênio, pois assim o fogo arderá mais rapidamente. Deixe à mão pedaços de madeira (árvores mortas, galhos secos) cada vez maiores para adicionar à chama inicial, tomando sempre o cuidado de não abafar o fogo e extinguir a chama. Tome o cuidado de cercar a fogueira com pedras, para impedir que as brasas se espalhem e principiem incêndios.

Como preparar a fogueira

1. cave um buraco de 15 cm de profundidade por 40 cm de largura
2. forme um círculo com pedras grandes em torno do buraco e prepare um balde de água em uma pá
3. acenda o fogo no buraco com folhas e galhos secos, depois você colocar lenha maior

Combustível

A maior parte dos combustíveis não se inflama ao contato direto de um fósforo aceso. Para iniciar a sua fogueira, você precisará de material facilmente inflamável.

Eis alguns materiais de fácil ignição: gravetos finos e bem secos, casca de árvore, bem seca, folhas de palmeira, raminhos secos, musgo solto que se encontra no chão, capim seco e ainda em pé, fetos de samambaias, pequenos pedaços de pau, rache-os e corte lasquinhas finas e compridas. Todo o material desta espécie que sobrar deverá ser cuidadosamente resguardado da umidade.

Um pouco de gasolina facilitará a combustível. Não derrame gasolina ao fogo já iniciado, mesmo que não se veja chama alguma, ela poderá estar oculta pela fumaça.

Para lenha, use a madeira de árvores mortas e secas e também galhos secos. E fácil quebrar e rachar madeira seca, basta bater com ela de encontro a uma rocha qualquer. Na madeira caída no chão, como por exemplo, um tronco de árvore, poderá estar seco mesmo que a parte de fora esteja úmida.
Quase em toda parte é possível encontrar madeira verde que queime, especialmente quando picada em pequenos fragmentos. Nas áreas sem árvores você poderá achar outros combustíveis naturais, como capim seco, que poderá ser reunido em pequenos molhos, o esterco, a gordura animal e às vezes até o carvão.

Dicas

Para acender o fogo, você tem que achar materiais que queimem rápido. Uma faísca deve ser suficiente. Para que isto aconteça. Pode empregar capim e folhas secas, pinhas quebradas e pequenos galhos secos.

Obter lenha pequena
A melhor lenha são os galhos mortos no chão. Mesmo se estiver úmida, queimará melhor que lenha verde.

A escolha da lenha
A madeira dura queima bem, dá muito calor e bonitas brasas que ficam vermelhas por muito tempo. A lenha mais mole queima muito ligeiro (se consome mais rápido) e produz chamas mais altas.

Como acender uma fogueira sem fósforos

Utilizando madeira podre, fibras vegetais, corda, ramagens secas, tiras finas de casca de árvore, madeira pulverizada bem seca, fios de pano, gaze para curativos, penas finas de pássaros ou ninhos de passarinho ou de ratos campestres prepare uma mecha (ou isca) e acenda-a utilizando um destes métodos:

Com lente de vidro:

A chama poderá ser obtida fazendo-se incidir na isca os raios solares, através da lente de um binóculo, de uma câmera fotográfica, lente de óculos, etc. Concentre os raios solares sobre a mecha com uma lente, que pode ser a de uma máquina fotográfica ou a lente convexa de um binóculo.
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Pedra dura

Golpeando-se uma pedra dura com uma faca, dedaço de aço ou outra pedra dura, resultarão faíscas que atingindo a isca, produziram fogo. Segure um fragmento de rocha bem dura o mais perto possível da mecha. Com a lâmina de uma faca ou um pedaço qualquer de aço fira a rocha com movimentos de cima para baixo, rapidamente e bem próximo à mecha, para que as faíscas assim produzidas caiam bem no seu centro. Uma vez acesa a mecha, assopre-a ou abane-a com cuidado, até surgir a chama. Feito isso, vá adicionando à mecha a lenha antes preparada, começando sempre pelos gravetos mais finos e aumentando o tamanho da lenha aos poucos. Na colocação da lenha, vale dizer mais uma vez, todo o cuidado deve ser tomado para não abafar a chama, dispondo a madeira de forma que o oxigênio continue a ter acesso ao interior da fogueira.

Este é um método eficaz de fazer fogo sem o auxílio de fósforos. Para isto, utilize a pederneira (pedra dura). Se você não dispuser de pederneira, veja se arranja um fragmento de rocha bem dura, com o qual possa produzir faíscas.

Se o fragmento quebrar-se ou até deixar riscar com demasiada facilidade quando atingido pelo aço, jogue-o fora e arranje outro pedaço. Aproxime as mãos prontas para bater na pederneira, por cima e bem próximas à isca, que deverá estar perfeitamente seca. Com a lâmina da faca ou um pequeno pedaço de aço, fira a pederneira em movimentos rápidos, de cima para baixo de modo que as faíscas produzidas caiam bem ao centro da isca. Juntando-se à isca umas poucas gotas de gasolina, antes de deflagrar as faíscas, a ignição da isca será facilitada.

Uma vez acesa a isca, abane-a suavemente até surgir uma chama. Leve então a isca incendiada até o ponto onde deverá ter princípio a fogueira, ou então vá ajuntando gravetos e pequenas iscas de madeira seca sobre a isca até que a fogueira pegue definitivamente.

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Com pilhas e bombril

Um pedaço de palha de aço (bombril) ou outro material semelhante, de fraca resistência, ligado aos pólos de duas pilhas ou a uma bateria incendiar-se-á facilmente. Também poderá provocar faíscas com dois pedaços de fios ligados aos pólos (positivo e negativo) da bateria. Leve as pontas destes fios junto à isca e os encontre e afaste rapidamente, o resultado será um curto-circuito, com faíscas suficientes para ignição da isca, ou seja, pegue duas pilhas na mesma posição que ficam na lanterna. Espiche e enrole uma fina mecha de bombril e feche curto ligando da ponta + da primeira pilha à parte negativa da segunda pilha. O bombril não agüenta a carga e incendeia. Tenha iscas de fogo preparadas à mão.
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Se você se perdeu com seu carro, você pode utilizar a bateria dele para criar a fagulha.

  • Encontre alguns fios do veículo (qualquer fio do motor serve).
  • Prenda dois pedaços de fio a cada terminal da bateria.
  • Reúna o material inflamável e encoste os fios por sobre ele (isso deve criar uma fagulha e o material vai começar a queimar).
  • Sopre gentilmente para alimentar a chama.
  • Quando o material estiver aceso, leve-o rapidamente ao fosso da fogueira e acrescente lascas para acelerar a combustão.

Tira

Fazendo-se atrito com uma tira de couro ou uma corda de qualquer fibra num tronco morto ou seco, junto à uma isca, acender-se-á o fogo.
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Madeira com madeira

Utiliza-se o atrito das madeiras para se acender a isca
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Atrito

Essa técnica requer paciência e muita determinação, mas funciona bem.

  • Encontre uma peça de madeira macia com cerca de 45 cm de comprimento e 5 cm de largura que servirá como placa de atrito. Salgueiros e álamos fornecem boa madeira para isso e é fácil encontrá-los perto de rios e lagos.
  • Escave uma ranhura de 2,5 cm de largura e de 15 a 20 cm de comprimento no centro da placa, a cerca de 5 cm de qualquer das duas pontas. Use uma faca ou uma pedra afiada.
  • Encontre um graveto de madeira sólida para gerar o atrito. O comprimento da peça deve ser de cerca de 30 cm e uma das extremidades precisa ser pontiaguda.
  • Coloque a placa no chão e insira o graveto na ranhura.
  • Mova o graveto para frente e para trás ao longo da ranhura com pressão moderada, a fim de criar pequenas porções de serragem.
  • Quando houver um volume suficiente de serragem, eleve a ponta da placa e a apóie no joelho. A serragem se acumulará na ponta mais baixa da ranhura.
  • Esfregue a ranhura o mais rápido possível com o graveto, exercendo pressão forte, até que a serragem se inflame. Assopre lentamente o material inflamável até conseguir uma chama que você possa usar para iniciar a fogueira.
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Arco

Trata-se de outro método de fricção que requer algum tempo de aperfeiçoamento. Os itens a seguir serão necessários.

  • Soquete - pedra lisa, do tamanho da mão, com uma ligeira depressão de um lado.
  • Broca - uma vara de madeira rígida e forte, com cerca de 30 cm de comprimento e de 3 a 5 cm de diâmetro.
  • Placa base - uma placa lisa de madeira macia com cerca de 30 cm de comprimento, 15 cm de largura e 2 cm de espessura.
  • Arco - uma vara flexível de madeira verde com cerca de 2,5 cm de diâmetro e de 45 a 60 cm de comprimento.
  • Cordão - cordões de sapatos servem perfeitamente

Depois de reunir o material, é hora de acender o fogo.

  • Crie uma depressão pequena e arredondada no centro da placa base.
  • Faça um corte em V apontando para baixo no centro da placa, de forma que ele se alinhe com a depressão.
  • Dobre o arco em forma de meia-lua e o amarre com os cordões de sapatos.
  • Posicione a placa no chão e uma pequena quantidade de material inflamável sobre o corte em V.
  • Segure a placa com o pé para propiciar estabilidade e posicione o arco em torno da broca, apoiada na depressão central da placa.
  • Coloque o soquete sobre a broca, pressione moderadamente e acione a broca com movimentos repetitivos do arco. Isso fará com que a broca gire e criará um pó preto e quente que cairá sobre o material inflamável. Em pouco tempo, surgirão chamas e você poderá transferir o material inflamável aceso para o local da fogueira.
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Lata de refrigerante e chocolate

Como muita gente não recolhe o lixo que deixa em locais de acampamento, você pode achar uma lata de refrigerante na mata. Caso você tenha chocolate, creme dental ou detergente em pó, use o método a seguir.

* Esfregue chocolate ou outro abrasivo no fundo da lata.
* Use a embalagem do chocolate ou uma peça de roupa para esfregar a lata e poli-la.
* Acrescente chocolate e continue polindo por cerca de 30 minutos.
* Remova o abrasivo da lata com água. Você quer uma superfície brilhante e reflexiva.
* Quando tiver uma boa superfície, incline a lata para o sol e segure material inflamável a cerca de 2 cm do centro da lata.
* Como uma lente convexa, a lente produzirá um foco de calor concentrado e o material começará a queimar.
* Assopre gentilmente para espalhar a chama e transfira o material rapidamente para a área da fogueira.
* AVISO - não coma o chocolate ou pasta de dente que usou porque ele conterá alumínio, produto altamente tóxico.

Usando gelo

A técnica é uma variação do método que usa uma lente de aumento, no caso substituída por gelo.

* Encontre ou faça uma lente esférica de gelo com cerca de 5 a 7 cm de espessura em sua porção central. O gelo precisa ser transparente para que o método funcione. Caso você tenha uma panela, use-a para congelar água.
* Remova as porções turvas do gelo e apare o gelo em formato redondo e abaulado como uma lente de aumento.
* Use o calor de suas mãos para alisar o gelo - quanto mais liso, melhor.
* Obter gelo transparente é o grande desafio da técnica e não existe método garantido. O gelo de lagos e rios tem mais chance de ser transparentes.
* Assim que você tiver dado forma à sua lente, use o sol para concentrar um ponto de calor no material inflamável. Caso o calor não baste para inflamar o material, continue trabalhando para dar o formato correto à sua lente.

Bomba de atrito

Outro método pouco usado é através de uma Bomba de Atrito.
Você poderá construir sua Bomba de Atrito em apenas algumas horas de atividade, certamente você se surpreendera com o resultado, alem de ser uma ferramenta muito útil nos acampamentos, é uma excelente atividade.
Repare nas fotos que a um peso na ponta da Bomba de Atrito, quanto maior o peso, maior será o atrito produzido.

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Tipos:

Fogo de Caçador

Um dos melhores para cozinhar, é o preferido dos exploradores. Escolha dois troncos verdes de cerca de 50cm de comprimento e 15cm de diâmetro cada. Coloque-os lado a lado, com a abertura mais larga virada para o lado do vento e a mais estreita será usada para apoiar as panelas. Mantenha o fogo baixo. Acrescente lenha só quando for necessário. O uso de carvão também é apropriado. Os troncos verdes podem ser substituídos por pedras grandes ou tijolos adequadamente empilhados.
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Fogo Estrela

Nada melhor que fazer uma roda de amigos ao redor deste fogo. Ele é de longa duração, com calor brando. Consome pouco combustível e não é necessário cortar lenha. Junte alguns troncos ou galhos secos, disponha-os em forma de estrela de modo que todos se encontrem no centro, onde se acende uma pequena fogueira. À medida que as pontas vão se queimando, é só empurrar os pauzinhos mais para o centro.

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Fogo Refletor

Para as noites frias, prepare este excelente aquecedor natural: construa uma pequena muralha com troncos verdes para dirigir o calor em uma só direção. Prepare a fogueira protegida na muralha. Cuide para que o vento sopre em direção à paliçada e não à barraca. Uma rocha ou barranco também podem funcionar como refletor. Neste caso, verifique se o local é bom para se armar uma barraca.

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Fogo de Trincheira

Este fogo consome pouca lenha, oferece menos riscos, não é incomodado pelo vento e não irradia tanto calor, sendo apropriado para os dias quentes. Construa uma valeta mais rasa e larga de um lado, e mais funda e estreita do outro, para que o vento sopre do lado mais largo para o mais estreito. Se o chão for duro, corte as bordas bem retas de modo que apóiem as panelas ou cruze sobre a cova alguns galhos verdes que possam apoiá-las. O único inconveniente deste fogo é ficar ao nível do chão, o que deixa seu uso um pouco desconfortável

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Fogo em cone

Características: dá bastante calor e as chamas sobem como um fio dando muita iluminação. Como os troncos são consumidos rapidamente, necessita de maior manutenção.
A base é um quadrado com 1 a 1,2m de lado, dispondo-se dentro dele numerosos troncos colocados em cone.
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Outros:

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Fogo do conselho:
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Fogo colorido

Fogos coloridos são bonitos, fáceis de fazer e servem para uso ocasional. Há vários pós e grânulos químicos, os quais produzem fogo multicoloridos quando colocados sobre a tora principal do fogo ou salpicados no fogo quando está queimando.

Cores produzidas por compostos:

  • Vermelho - Cloreto de estrôncio
  • Alaranjado - Cloreto de cálcio
  • Amarelado - Cloreto de sódio
  • Azul - Óxido de cobre
  • Verde - Cloreto de cobre ou cloreto de bórax ou ácido bórico
  • Verde mar ou púrpura - Sulfato de cobre ou cloreto de cobre
  • Roxo - Cloreto de potássio
  • Carmesim - Cloreto de lítio Misturado - Sal (peter)

Fogueira de São João

Pelas cidades do interior e fazendas é comum se acenderem fogueiras na noite véspera de São João. Queimam-se fogos; lêem-se sortes, enquanto arde a pira.

Pois bem, entre os usos correntes nessa noite de São João, há o de pular a fogueira, bem como de atravessar o braseiro de pés descalços. O que vários realizam, dizem, sem se queimar.

Há nesses costumes uma tradição européia cujo sentido perdeu-se, conservando-se o ato externo, por mero diletantismo.

Já vimos como, entre os povos indo-europeus, os das civilizações norte-africanas e ainda da América Pacífica, o culto ao deus-sol possuía um caráter universal. Ora, entre os ritos desse culto – danças rituais, que se realizavam no princípio da primavera ou no solstício do verão, saudação matinal ao sol, oferendas e sacrifícios por ocasião das festas solares, em que também se realizava a cerimônia do fogo novo com a fricção de dois paus – figurava a prática, entre os povos primitivos, de acender fogueiras nos solstícios de verão e inverno, em homenagem ao deus-sol, segundo Frobenius, P. Guilherme Schmidt e outros etnólogos.

Essas fogueiras tinham um sentido propiciatório, sendo freqüentemente imoladas vítimas, para que o deus-sol continuasse propício. Havia ainda o costume de se passar a fogueira a pé descalço, quando já braseiro. E isso era realizado pelos pais, mães e filhos, com sentido de purificação, de preservação de males corporais. E até os rebanhos de ovelhas e o gado eram levados a atravessá-la, para se preservarem das pestes ou delas se curarem.

Entre os hebreus estabeleceu-se em certa época idêntico costume, o qual foi proibido por Moisés, por seu caráter pagão. J. G. Frazer, em sua obra The golden Bough, ou sua tradução francesa Le Rameau d’or, II, Paris, 1911, acentua este duplo efeito do fogo daquelas piras: purificar e preservar de pestes e males, embora rejeite a interpretação que lhe é dada pela escola ritualista (veja-se, a propósito, o livro Les saints successeurs des dieux, Paris, 1907, de P. Santyves).

Essas primitivas práticas, com o advento do cristianismo, perderam seu conteúdo ritual solarista, e a igreja sabiamente não se opôs à continuidade da tradição, a que deu um conteúdo cristão: homenagem a São João, o precursor da luz do mundo – Cristo.

É com esse sentido cristão que se acendem ainda em toda a Europa as fogueiras de São João, no solstício de verão, entre nós correspondente ao de inverno. De Portugal vieram-nos elas. Os primeiros missionários jesuítas e franciscanos referem quanto eram apreciados pelos índios tais festejos de São João, por causa das fogueiras, que em grande número iluminavam as aldeias, e as quais eles saltavam divertidamente. São, pois, nossas fogueiras de São João, verdadeiras "sobrevivências", que perderam o primitivo sentido ritual.

Conselhos Úteis

Não desperdice os seus fósforos procurando acender uma fogueira mal preparada. Não sendo necessário, não acenda fogueiras aqui, ali e acolá, economize o combustível. Experimente todos os métodos primitivos de fazer fogo e procure tornar-se eficiente em pelo menos um deles, antes que se acabem os seus fósforos. Traga sempre consigo um pouco de material de “isca”, bem resguardado da umidade, dentro de um saquinho impermeável ou de um receptáculo hermeticamente fechado. Nos dias secos e de sol quente, exponha as iscas aos raios solares. Um pouco de carvão vegetal, pulverizado, adicionado a isca, fará com que pegue fogo com mais rapidez. Não perca oportunidade de ajuntar iscas onde quer que encontre. Mantenha a lenha para a fogueira bem abrigada da umidade. Aproveite o calor do fogo já armado para secar a lenha úmida. Poupe algumas das suas melhores iscas e alguma lenha para rapidamente acender nova fogueira, pela manhã. Para rachar pedaços mais grossos (ou pequenas toras) de madeira dura, corte pedaços em forma de cunha e crave essas cunhas na casca das toras com uma pedra ou pedaço de pau pesado (uma clava), a lenha rachada queima com mais facilidade. Para que uma fogueira dure a noite toda, ponha toras grandes em cima de modo que o fogo queime até o miolo da madeira. Uma vez formada a camada bem rica de brasas vivas, cubra-as levemente com cinza e por cima da cinza ponha terra seca. Pela manhã o fogo estará ainda aceso. O fogo pode ser transportado de um local para outro, sob a forma de pedaços incendiados de madeira em decomposição, de “palha” de coco, ou de brasas de bom tamanho. Coloque o material incendiado, ou em brasas, sob a nova fogueira, e abane ou sopre, até pegar fogo. Não desperdice material combustível. Utilize somente o que for necessário para começar e manter acesa a fogueira. Quando abandonar o local do acampamento, apague cuidadosamente a fogueira. Nos trópicos, a madeira para fazer fogo é abundante. Mesmo que esteja molhada por fora, o interior estará suficientemente seco (isto em se tratando de tronco morto) para queimar. Nas zonas com palmeiras, você poderá arranjar bom material para isca se fizer uso das fibras dos talos das folhas de palmeira. O material encontrado dentro dos ninhos de cupim e a própria “casa” dos mesmos, na parte inferior, constitui um bom material para fogueira.
Folhas verdes, atiradas ao fogo, provocam uma fumaça que muito contribuirá para manter afastados os mosquitos e também para sinalizar. A reserva de lenha para o fogo deverá ser guardada sob o abrigo, a fim de que se conserve o máximo possível seco. A madeira e o material de isca que sobrarem se estiverem úmidos, deverão ser secados junto à fogueira e guardados para uso futuro.

Afinal, o que é o fogo?

O que é fogo?
Os antigos gregos consideravam o fogo um dos elementos fundamentais do universo, junto com a água, a terra e o ar. Esse conjunto faz sentido intuitivamente: você pode sentir o fogo assim como pode sentir os outros três elementos. Você pode também vê-lo, cheirá-lo e movê-lo de um lugar para o outro.

Mas o fogo é algo completamente diferente. Terra, água e ar são formas de matéria (eles são feitos de milhões de átomos agrupados). O fogo não é matéria, mas sim um efeito secundário visível e tangível da matéria em modificação (é parte de uma reação química).

Normalmente o fogo surge de uma reação química entre o oxigênio na atmosfera e algum tipo de combustível (madeira ou gasolina, por exemplo). Obviamente, a madeira e a gasolina não pegam fogo espontaneamente só porque estão cercados de oxigênio. Para que a reação de combustão ocorra, você precisa aquecer o combustível até sua temperatura de ignição.

Eis a seqüência de eventos quando um pedaço de madeira pega fogo:

* alguma coisa aquece a madeira até uma temperatura bem alta. O calor pode vir de diferentes origens: um fósforo, um foco de luz, fricção, relâmpago ou outra coisa que já esteja queimando;

* quando a madeira atinge aproximadamente 150ºC, o calor decompõe parte do material de celulose que constitui a madeira;

* parte do material decomposto é liberado na forma de gases voláteis. Esses gases são conhecidos como fumaça (em inglês). A fumaça é composta de hidrogênio, carbono e oxigênio. O resto do material forma carvão, que é quase carbono puro, e cinza, que é composta de todos os minerais da madeira que não queimam (cálcio, potássio, etc). Carvão é o que você compra como carvão vegetal. É a madeira que foi aquecida para remover quase todos os gases voláteis, sobrando o carbono. É por isso que o fogo feito com carvão queima sem fazer fumaça;

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a queima da madeira ocorre em duas reações separadas:

* quando os gases voláteis estão quentes o suficiente (cerca de 260ºC, no caso da madeira), as moléculas constituintes se quebram e os átomos se recombinam com o oxigênio para formar água, dióxido de carbono e outros produtos. Em outras palavras, eles queimam;
* o carbono do carvão também se combina com o oxigênio, que é uma reação muito mais lenta. É por isso que o carvão vegetal da churrasqueira pode continuar quente por bastante tempo.

Um efeito secundário dessas reações químicas é muito calor. O fato de as reações químicas no fogo gerarem bastante calor novo é que mantém o fogo.

Muitos combustíveis queimam em uma etapa. A gasolina é um bom exemplo. O calor vaporiza a gasolina e essa queima como gás volátil. Não há carvão.

Os humanos também têm aprendido como dosar o combustível e controlar o fogo. Uma vela é um instrumento para vaporizar e queimar lentamente a cera.

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à medida que se aquecem, os átomos de carbono que estão subindo (assim como os átomos de outros materiais) emitem luz. Esse efeito de "luz produzida pelo calor" é chamado de incandescência e é o mesmo tipo de efeito que cria a luz em uma lâmpada. É o que causa a chama visível. A cor da chama varia dependendo da temperatura e do material que você está queimando. A variação de cores dentro de uma chama é causada pelas diferentes temperaturas. Normalmente, a parte mais quente de uma chama (a base) é azul e as partes mais frias do topo são alaranjadas ou amarelas.

Além de emitirem luz, as partículas de carbono que sobem podem se acumular nas superfícies ao redor, na forma de fuligem.

O que há de perigoso nas reações químicas que ocorrem no fogo é o fato de serem auto-perpetuáveis. O próprio calor da chama mantém o combustível na temperatura de ignição, contribuindo para que queime enquanto houver combustível e oxigênio. A chama aquece todo o combustível que há ao redor, de modo que esse também libera gases. Quando a chama causa a ignição dos gases, o fogo se alastra.

Na Terra, a gravidade determina como a chama vai queimar. Todos os gases quentes presentes na chama são muito mais quentes (e menos densos) do que o ar ao redor, portanto, se movem para cima em direção à menor pressão. É por isso que o fogo normalmente se espalha para cima e também é por isso que as chamas ficam sempre "apontando" para o alto. Se você precisasse acender fogo em um ambiente de microgravidade - por exemplo, em um ônibus espacial - ele teria a forma de uma esfera.

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O fogo forma uma esfera na microgravidade

Variáveis do fogo
Na última seção, vimos que o fogo é resultado de uma reação química entre dois gases, normalmente oxigênio e um gás combustível. O gás combustível é criado pelo calor. Em outras palavras, com o calor fornecendo a energia necessária, os átomos em um composto gasoso quebram suas ligações entre si e se recombinam com os átomos do oxigênio disponível no ar para formar novos compostos e muito mais calor.

Somente alguns compostos se quebrarão prontamente e se recombinarão desse modo: os vários átomos precisam ser atraídos entre si da maneira correta. Quando você ferve água, por exemplo, ela assume a forma gasosa de vapor, mas esse gás não reage com o oxigênio do ar. Não há uma atração forte entre os dois átomos de hidrogênio e o átomo de oxigênio da molécula de água e os dois átomos da molécula de oxigênio, de modo que o composto de água não se quebra e recombina.

Os compostos mais inflamáveis contêm carbono e hidrogênio, que se recombinam com o oxigênio de maneira relativamente fácil para formar dióxido de carbono, água e outros gases.

Combustíveis inflamáveis diferentes podem pegar fogo em diferentes temperaturas. É preciso uma certa quantidade de energia térmica para transformar qualquer material específico em um gás e ainda mais energia térmica para desencadear a reação com o oxigênio. O nível de calor necessário varia dependendo da natureza das moléculas que constituem o combustível. A temperatura de ignição provocada é o nível de calor necessário para formar um gás que sofrerá ignição quando exposto a uma faísca. Na temperatura de ignição espontânea, que é muito mais alta, o combustível sofre ignição sem faísca.

O tamanho do combustível também afeta a probabilidade de ele pegar fogo. Um combustível maior, como uma árvore grossa, pode absorver bastante calor e, portanto, é preciso bem mais energia para elevar a temperatura de uma parte em particular até a temperatura de ignição. Um palito de dente pega fogo mais facilmente porque se aquece mais rápido.

A produção de calor de um combustível depende de quanta energia os gases liberam na reação de combustão e com que velocidade o combustível queima. Os dois fatores dependem, em grande parte, da composição do combustível. Alguns compostos reagem com o oxigênio de tal modo que sobra bastante "energia térmica extra". Outros emitem uma quantidade menor de energia. Similarmente, a reação do combustível com o oxigênio pode acontecer muito rapidamente ou mais lentamente.

A forma do combustível também afeta a velocidade com que ele queimará. Pedaços finos de combustível queimam mais rapidamente do que pedaços mais largos, pois uma proporção maior de sua massa fica exposta ao oxigênio a qualquer momento. Você poderia queimar uma pilha de lascas de madeira ou papel muito mais rapidamente do que poderia queimar um bloco de madeira com a mesma massa, pois as lascas e o papel têm uma área de superfície muito maior.

Desse modo, o fogo de cada combustível se comporta de um modo peculiar. Os especialistas podem ter uma idéia de como um fogo iniciou observando o modo como afetou as áreas ao redor. O fogo de um combustível de combustão rápida, que produza muito calor, provocará um tipo de dano diferente do que um fogo de combustão lenta.

Extintores de incêndio

Como funcionam os extintores de incêndio

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